



Èṣù
Divindade da comunicação, do movimento e dos caminhos. Èṣù não é “maligno”, mas sim o senhor dos cruzamentos e das escolhas. Ele entrega os pedidos feitos aos Òrìṣà, zela pelo cumprimento das promessas e aplica a justiça divina. Sem Èṣù, nenhuma prece chega ao seu destino. Domina os ọ̀fọ̀ (encantamentos), o tempo oportuno, o imprevisto e a inteligência estratégica. Ele é aquele que "vê o que ninguém vê".


Ọ̀bàtálá (ou Ọ̀ṣálá)
Pai da criação dos corpos, associado à luz, à serenidade e à sabedoria ancestral. É o Òrìṣà da justiça compassiva, da ética e da liderança espiritual. Representa o estado mais elevado da consciência e está profundamente conectado ao Òrì, sendo patrono da cabeça espiritual. Ligado ao Àṣẹ Funfun (energia branca), ele também é responsável por equilibrar os excessos e promover harmonia.


Ọ̀balúwayé
Senhor da terra, da varíola e das doenças epidêmicas, mas também da cura profunda. Atua nos processos de transformação, morte e renascimento. É aquele que conhece a dor do corpo e do espírito, por isso cura com compaixão e rigor. Seus mistérios estão ligados à palha da costa e aos segredos da terra. É temido e reverenciado por todos.


Òṣóòsì
Caçador e guardião das florestas, dos segredos da natureza e da fartura. É o Òrìṣà da busca — pelo alimento, pelo conhecimento, pela justiça. Com arco e flecha em punho, Òṣóòsì representa foco, agilidade e estratégia. É também o patrono daqueles que estudam, pois é quem nunca para de procurar a sabedoria.


Òsànyìn
Detentor dos segredos das folhas sagradas (ewé). É o grande médico espiritual, conhecedor profundo do poder das plantas, suas combinações e cantigas. Está ligado à medicina tradicional yorùbá, ao preparo de òògùn (remédios mágicos) e à manipulação dos elementos naturais para cura, limpeza, fortalecimento e proteção espiritual. Ele ouve com um ouvido só, mas escuta o que ninguém escuta.


Òyá (Ìyásàn)
Senhora dos ventos, das tempestades e da transformação. Representa a mudança inevitável, a coragem diante do desconhecido e o empoderamento feminino. É também guardiã do Ìgbò Ẹgúngún, a floresta sagrada dos ancestrais. Sua presença anuncia renovação, corte de laços tóxicos e expansão. Trabalha com o tempo e com o invisível, dominando o ciclo vida-morte-vida.


Òṣun
Divindade das águas doces, do amor e da fertilidade. Representa a feminilidade em sua expressão mais refinada: beleza, sensualidade, doçura e ao mesmo tempo poder. Òṣun governa o ventre, o prazer, a autoestima, e o equilíbrio emocional. É também conselheira política, mestra da diplomacia e do uso da palavra encantada.


Òṣùmàrè
Serpente-arco-íris que conecta céu e terra. Representa o eterno movimento cíclico, a renovação constante e o fluxo da vida e da riqueza. Ele ou ela (pois é uma divindade que transita entre os gêneros) é símbolo de equilíbrio dinâmico, transmutação e continuidade. Seu culto está ligado ao dinheiro, ao axé em circulação e ao renascimento espiritual.


Nanã Bùrùkú
Ancestral feminina mais antiga do panteão. Senhora do barro primordial, do tempo profundo e dos mistérios da morte. Nanã não mata, ela transforma — conduz os espíritos à transmutação e ao retorno à origem. Seu culto é cheio de reverência e silêncio. Ela é quem acolhe os mortos e guarda os mistérios do que existia antes do tempo.


Ìbejì
Divindades gêmeas da alegria, da infância, da dualidade e da leveza espiritual. Representam a bênção da continuidade, a proteção das crianças e o equilíbrio entre o yin e yang. Quando os Ìbejì sorriem, dizem os antigos, até os ancestrais dançam. Seu culto traz felicidade, renovação e restauração da fé.


Ẹgbé Ọ̀run
Companheiros espirituais com os quais fazemos pacto antes de encarnar. Cuidar de Ẹgbé é cuidar do equilíbrio emocional, da sorte e dos relacionamentos. Quando essa força está desequilibrada, a pessoa pode sentir saudade de “algo que não sabe nomear”, solidão profunda ou dificuldades em prosperar. O culto a Ẹgbé visa restaurar esse laço espiritual essencial.


Yemọja
Mãe dos Òrìṣà, senhora das águas profundas e do oceano. Representa a maternidade em sua plenitude, o cuidado, o acolhimento e a proteção. Yemọja é também regente do útero, da gestação e do ciclo menstrual. É uma força imensurável, que acolhe com o ventre e defende com as ondas.

Ìyàmi Òṣòròngá
As grandes mães ancestrais, detentoras de um àṣẹ que não se negocia. São forças primordiais que regem o nascimento, a morte, a intuição, a magia e o poder feminino. As Ìyàmi exigem respeito e não são cultuadas de forma comum. Sem elas, nenhum ser nasceria e nenhum axé se sustentaria. Seu culto é reservado e conduzido com extrema reverência.



Ẹgúngún
Culto aos ancestrais falecidos. São espíritos que retornam para abençoar, orientar e proteger os vivos. O culto a Ẹgúngún é uma forma de manter viva a memória e a presença dos que vieram antes. Honrar os ancestrais é reconhecer as raízes, o sangue e a história que nos sustentam.


Ògún
Senhor do ferro, da tecnologia e do trabalho. Forjador de ferramentas, abridor de caminhos e protetor dos guerreiros. Ògún representa ação, firmeza e transformação da matéria bruta em instrumento. Está presente em todas as ferramentas e é essencial para o progresso, a luta justa e a disciplina.


Ṣàngó
Senhor do trovão, da justiça e da realeza. Representa a liderança, o poder, a virilidade e o uso correto da força. Ṣàngó julga com fogo e exige ética em tudo. É também patrono da palavra falada, da oratória e da performance pública. Sua dança imita o trovão, e seu axé traz justiça onde há desordem.
Òrì
Senhor da consciência, do destino e da identidade espiritual. Òrì é o Òrìṣà mais íntimo do ser humano — não está fora, mas dentro de cada um, residindo na cabeça (òrí). Ele é responsável por guiar nossas escolhas, sustentar nossa força vital e alinhar nosso caminho com o ayànmọ̀ (destino) que escolhemos antes de nascer.
Cuidar de Òrì é cuidar de si. É reverenciar o próprio destino e manter a conexão com Olódùmarè. Quando Òrì está forte, o caminho se abre. Quando está negligenciado, mesmo o axé dos outros Òrìṣà não encontra espaço para atuar.
É por meio de Òrì que escolhemos os Òrìṣà que nos acompanharão na Terra. Por isso, seu culto é o mais essencial. O ritual de Bòrí (alimentar o Òrì) é uma prática fundamental de equilíbrio, clareza e vitalidade.
"Orí là bá bọ̀, a bá f’ẹ̀sẹ̀ rin" – É a cabeça que se deve cultuar, pois é ela que comanda os pés a andar.